Os impactos invisíveis da imigração

Novembro 28, 2024by Rafael Dantas

Quando imigrei no ano de 2014 para os Estados Unidos, com um visto de estudante, não tinha noção dos impactos psicológicos desse tipo de mudança.

Eu já tinha quase 30 anos de idade nessa época e me sentia completamente prepaparado para imigrar. No início, tudo parecia um sonho absolutamente perfeito, mas não demorei muito para perceber que quando sonhamos de olhos abertos as coisas são um tanto diferentes. Foi um período fantástico, sem dúvidas. Estudei numa excelente universidade e fiz bons amigos.

Todavia, as dificuldades culturais que eu acreditava que dentro de meses já estariam resolvidas, acabaram se mostrando mais persistentes do que eu pensava. Acabei, inclusive, antecipando minhas atividades acadêmicas para retornar ao Brasil com algumas semanas de antecedência. Me sentia solitário – mesmo morando numa universidade com mais de 5 mil estudantes.

Sozinho na multidão

Freud diz em sua obra o mal-estar da civilização¹ que o sofrimento humano se origina de três fontes: do corpo, do mundo externo e das relações pessoais. Acredito que, em alguma medida, todos nós já sabemos disso. Entretanto, o que me surpreendeu enquanto imigrante foi ver o quanto minha percepção de alegria e tristeza era mediada por minha situação de estrangeiro: procurar emprego, assistir aulas, adoecer, viajar, comer, ir no mercado, visitar uma igreja etc. Tudo agora era sensivelmente diferente e embora eu tivesse proficiência no idioma, parecia que me faltavam palavras para expressar minha angústia.

Infelizmente, naquela época, não existia a possibilidade de realizar terapia online com algum psicólogo brasileiro que, além de falar o mesmo idioma que eu, também tivesse noção do que eu estava passando.

Felizmente, hoje isso é possível. Conte comigo.

REFERÊNCIAS

  1. FREUD, S; (1930/1996) O mal-estar na civilização. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
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