Baby Blues Puerperal

Maio 18, 2024by Rafael Dantas

“O que não é bom para a mãe não será bom para o filho.” – Vera Iaconelli

A princípio, quando uma criança chega em uma família, sua presença trás consigo muitos anseios, desafios, alegrias e preocupações. Enfim, um misto de emoções e sentimentos – agradáveis e desagradáveis. No entanto, a romantização, construída socialmente, em torno da maternidade e da paternidade, ocultam o sofrimento também presente nessa experiência. Por essa razão, o presente texto tem por objetivo apresentar o baby blues, uma das eventuais demandas do período puerperal.

Baby Blues: o que é isso?

Antes de tudo, é imprescindível esclarecer que o baby blues puerperal é um dos acontecimentos mais comuns entre os cuidadores de recém nascidos. Em média, 80% das mulheres que dão à luz, vão passar por essa disforia, que também é conhecida por “tristeza pós-parto” ou “disforia puerperal”. Mas afinal o que o puerpério?

O puerpério é o tempo de seis a oito semanas após o parto. Didaticamente, pode ser dividido em três períodos, sendo: imediato (1º ao 10º dia), tardio (11º ao 45º dia) e remoto (a partir do 45º dia). No puerpério ocorrem modificações internas e externas, configurando-se como um período carregado de transformações psíquicas, onde a mulher continua a precisar de cuidado e proteção (Andrade et al., 2015)

O baby blues acomete mulheres no período pós-parto e descreve um curto período de emoções voláteis, que comumente ocorre entre o segundo e o quinto dia após o parto, tendo geralmente remissão espontânea (Schmidt, Piccoloto e Müller, 2005). Esse evento, quando não acompanhado devidamente, pode evoluir para a depressão pós parto – DPP, considerada uma psicose puerperal que pode gerar fortes consequências na saúde metal tanto da mãe quanto da criança.

Desejo de ter filhos

O desejo de ter filhos é um investimento de energia em algo desconhecido. Em virtude disso, se constroem uma série de expectativas em torno da criança que chega. Entretanto, essas expectativas dificilmente são alcançadas. Da mesma forma, a relação cuidador bebê pode ser perpassada por um misto de sentimentos e pensamentos, positivos e negativos, dos pais sobre da criança que, geralmente, são censurados e reprimidos. Sua origem está, principalmente, nas preocupações e fadigas que atravessam essa experiência (Leitão, Calado e Gonçalves, 2019).

Diante do exposto, é inevitável que a chegada de uma criança recém nascida em uma família não cause mudanças na rotina, desconfortos e oscilações emocionais, pois essa nova vida que acabou de chegar tem necessidade de muito cuidado e atenção. Mas, seria possível evitar a ocorrência ou ao menos diminuir a intensidade do Baby Blues puerperal?

Redes de apoio são o melhor cuidado

A resposta para a pergunta anterior é sim. Primeiramente, é necessário a compreensão conceitual do Baby Blues, tanto por profissionais de saúde quanto pela população em geral. Ou seja, acesso a essas informações são de fundamental importância para a correta identificação de sinais e sintomas no período do puerpério. Além disso, o incentivo para a busca de ajuda, profissional e familiar, precisa ser estimulado pela rede de apoio.

Medidas como essas podem prevenir a evolução do quadro para uma depressão pós-parto, além de contribuir para o fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê e demais familiares.

Por fim, é imprecindível compreender que quando uma criança chega ao mundo ela não é de responsabilidade exclusiva e da mãe. O ato de cuidar dessa nova vida está para além da figura materna, sendo uma atribuição de todo o grupo familiar. Se observada essa postura participativa no gerenciamento dos cuidados com o(a) novo(a) integrante, é possível diminuir bastante a intensidade do sofrimento no período puerperal. 

Referências

SCHMIDT, Eluisa B.; PICCOLOTO, Neri M.; MÜLER, Marisa C. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Psico-USF, v. 10, n. 1, p. 61-68, jan./jun. 2005.

ANDRADE, Raquel Dully; SANTOS, Jaqueline S.; MAIA, Maria A. C., MELLO, Débora F.. Fatores relacionados à saúde da mulher no puerpério e repercussões na saúde da criança. Universidade Estadual de Minas Gerais. Passos – MG, Brasil, 2014.

LEITÃO, Marília A. C.; CALADO, Maria Eduarda C.; GONÇALVES, Marcos R. Fatores de risco para blues puerperal: uma revisão integrativa. 2019. Disponível em: Link

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